23 de abril, 2025

O Dia do Trabalho costuma ser celebrado em vários países e, na maioria deles, é uma data-chave na luta por direitos trabalhistas. Mas, entre feriados, homenagens e discursos bonitos, poucos gestores param para refletir sobre o que, de fato, precisa ser revisado nas relações entre empresas e trabalhadores.

Para as lideranças que desejam alinhar gestão de pessoas à realidade atual, o momento exige atenção redobrada. Sim, o Dia do Trabalho é feriado no Brasil, mas o seu verdadeiro significado vai muito além dessa pausa, festejada por muitos na agenda corporativa. É a hora perfeita para refletir com mais profundidade sobre diversos aspectos que fazem parte da rotina de CEOs e gestores de RH.

Por isso, o software de RH Sesame entrevistou a Consultora de RH Andréa Greco, especialista em Gestão de Pessoas e Psicologia Organizacional. A profissional, que também é escritora e palestrante, é uma voz ativa nas redes sociais, possuindo mais de 470 mil seguidores no LinkedIn.

Na conversa, ela destacou os principais pontos enfrentados pelas lideranças em 2025, especialmente no que diz respeito à aplicação da legislação trabalhista e à crescente insegurança jurídica que impacta a tomada de decisões nas empresas.

Reforma trabalhista x insegurança jurídica: o papel dos gestores

No cotidiano corporativo, líderes enfrentam o desafio de equilibrar eficiência operacional com a valorização do capital humano. Segundo Andréa Greco, o desafio aparece principalmente no pós Reforma Trabalhista, em 2017: “Houve a modernização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o que trouxe mais flexibilidade para as relações de trabalho. Vale destacar a regulamentação do trabalho home office (teletrabalho), o acordo individual entre empregador e empregado com força legal em determinados pontos, além da criação do trabalho intermitente, que permite maior dinamismo nas contratações.” Em contrapartida, ela lembra, neste Dia do Trabalho, que existe muita insegurança jurídica: “falta uma regulamentação clara e há resistência de alguns tribunais em aceitar estas mudanças.”

A informalidade e o direito do trabalhador

Em comemoração ao Dia Mundial do Trabalho, a especialista também aponta a informalidade como um obstáculo ao avanço dos direitos trabalhistas. Hoje, cerca de 14,2 milhões de pessoas atuam sem carteira assinada no setor privado, segundo o IBGE. “São brasileiros que não têm acesso a direitos básicos como férias remuneradas, FGTS e seguro-desemprego”, pontua ela, lembrando que isso dificulta a fiscalização e o cumprimento das normas.

Como solução, Andréa sugere políticas públicas que incentivem a formalização: “Isso pode ser feito especialmente por meio da simplificação tributária e da desburocratização dos processos de contratação, principalmente para micro e pequenas empresas. Programas de capacitação profissional e incentivo ao empreendedorismo formal também são caminhos viáveis”.

Digitalização nas relações de trabalho e no RH

Na análise do Dia Internacional do Trabalho, Andréa cita a digitalização no mundo laboral, que atingiu em cheio o departamento de Recursos Humanos: “Este setor tem um papel fundamental na modernização das relações de trabalho no Brasil, especialmente por meio da adoção de um sistema de controle de ponto eletrônico e da gestão de jornada. Essas ferramentas permitem um acompanhamento mais preciso, seguro e transparente da jornada dos colaboradores, promovendo maior conformidade com a legislação trabalhista e reduzindo passivos trabalhistas para as empresas”.

Os sistemas, citados pela profissional, são softwares de RH especializados que oferecem serviços essenciais, como o controle de ponto eletrônico, a toda organização corporativa. Algumas plataformas permitem até mesmo fazer o registro de ponto pelo WhatsApp: “Essas ferramentas permitem um acompanhamento mais preciso, seguro e transparente da jornada dos colaboradores, promovendo maior conformidade com a legislação trabalhista e reduzindo passivos trabalhistas para as empresas. Além disso, facilitam o acesso a dados em tempo real, o que otimiza a tomada de decisões, melhora a gestão do tempo e permite o planejamento mais estratégico de escalas, turnos e banco de horas”, completa.

Andréa acrescenta que outro impacto positivo no cenário trabalhista brasileiro é o fortalecimento da cultura de confiança e autonomia entre empregador e empregado, especialmente em cenários de trabalho remoto ou híbrido.

A flexibilização da jornada de trabalho e a diversidade nas corporações

Além da modernização da gestão de pessoas, a escritora exemplifica a evolução nos modelos laborais no Brasil, um avanço a ser comemorado no Dia do Trabalhador. Ainda assim, ela cita bons exemplos vindos do exterior: “Em países como Alemanha, Canadá e os nórdicos, políticas de trabalho flexíveis convivem com sistemas robustos de proteção social. Nesses lugares, é possível atuar em formatos híbridos ou de meio período sem abdicar da seguridade, ou do acesso à previdência”, finaliza.

Imagem: Janice Rastrello

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Tiago Santos

VP of Community and Growth at Sesame RH | + posts

Profissional experiente de RH dedicado a promover comunidades colaborativas fortes de líderes de RH. Como fundador do RH Club e da HR Community, uso meus mais de 15 anos de experiência para melhorar as perspectivas de carreira dos líderes de RH.